Corria o início da década de 90, tinha acabado de entrar para a
primária, contra a minha vontade claro está.. mal eu sabia que ia passar
cerca de 20 anos da minha vida a estudar.
Sentada na carteira da
frente, com um receio imenso das coisas, muito devido às histórias que a
minha mãe contava do tempo de escola dela, em que a professora tinha
uma régua com buraquinhos..
Passada essa fase do medo e do choro, eis
que num dia torno a cabeça para o lado e dou de caras com uma rapaz
muito engraçado, morenito de seu nome Hilário.. O Hilário era o rapaz
que fazia com que eu saltasse da cama e fosse a pé sozinha para a
escola.. sentava sempre na mesma carteira que eu, faziamos os desenhos
juntos, os exercícios, íamos para o recreio com a merenda combinada..
havia o dia do pão com marmelada, do pão com manteiga, do pão com
mortadela e o nosso preferido de ovo estrelado, sempre acompanhado pelo
famoso leite chocolatado agros com os desenhos todos catitas.. cada dia
queria um desenho diferente para fazer colecção dos pacotes depois
estourados.. recortava os desenhos e guardáva-os como se fosse um
tesouro. No Inverno, havia sempre a salamandra acesa que, 10 min antes
do recreio colocáva-mos o leite em cima do tampão para ficar mais
quentinho.. lembro-me como se fosse hoje. Eu e o Hilário éramos
inseparáveis.. depois veio o meu irmão Zé para a escola.. aí as coisas
mudaram, o Hilário tornou-se no melhor amigo do Zé e eu a irmã do Zé (Zé
não te culpo de nada tá bem??).. Lembro-me de uma altura que estávamos a
fazer um desenho e tinha uma aguçadeira de duas entradas, daquelas de
metal (muito in naquela altura)…. então num acto tresloucado disse-lhe
que tinha uma prenda para ele, mas que só a dava no fim de me dar um
beijinho na bochecha.. e assim foi, um beijinho e a prenda dada, ficou
super contente e eu ainda andei muito tempo sem aguçadeira, mas naquela
altura pareceu-me bastante acertado. Muitas vezes sou assim, dou de
mais, mas dou de bom grado.. naquela altura dei a prenda porque havia
uma contrapartida.. hoje já não sou assim, dou muito de mim sem estar à
espera de receber algo.
Mas voltando à história do Hilário, as coisas
como é óbvio não passaram mais do que uma paixoneta de criança, porque
quando fui para o 5º ano as coisas mudaram, também a oferta era
maior..Hoje o Hilário vai casar, já não falo para ele como sempre falei,
ele está muito diferente (hoje em dia já não me apaixonaria por ele de
certeza absoluta), mas cada vez que o vejo lembro-me da história da
aguçadeira e fico envergonhada….
(post repescado do meu antigo blog) - estou a gostar de reler e recuperar alguns posts
1 comentário:
Acho graça a estas recordações dos amores inocentes. :)
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