19/10/2012

por causa da carta de despedida do enfermeiro ao cavaco

tenho muito a dizer sobre este assunto, não por conhecer o "Pedro enfermeiro" que vai emigrar para ganhar a vida e fazer-se à vida. O que tenho a dizer sobre o Pedro enfermeiro é que eu tenho muitos "Pedros Enfermeiros" na minha vida que se viram, obrigados a emigrar. Dois deles são os meus dois irmãos: um em Luanda outro em Paris. Primeiro, estão longe um do outro, segundo estão longe de nós famíla, longes dos amigos, longe daqueles lugares comuns, longes das parvoíces dos amigos, longe dos abraços, longes dos acontecimentos de cá e dos de cá. Estão longe e não há nada que se possa fazer para os colocar mais perto.
A situação em Portugal faz com que cada vez mais vejamos as pessoas que gostamos a ficar longe de nós. Eu sei que a internet ajuda, mas não é a mesma coisa. Claro que não.
 Não é o mesmo que chegar a casa e vê-los lá, sentados no sofá a ver a bola ou sentados à mesa a comer aquela comida que a minha mãe faz tão bem.
A internet não tem cheiro nem toque.
 São os domingos que se perdem, as segundas-feiras e todos os outros dias da semana. São os anos que se passam fora ou viajar no dia em que se faz anos. E nunca mais se pode devolver esse dia. E esse dia vai ser o dia marcante de toda a aventura do "emigrar"
É sentir a namorada longe. A saudade cresce e cresce tal como o amor que se sente pelas pessoas que ficam cá.
Já fui "emigrante" um dia, com um prazo de validade e mesmo assim custou-me imenso deixar o Meu País, os Meus Pais, Irmãos e Amigos. Hoje o paradigma é diferente, hoje emigra-se sem prazo de validade, ninguém emigra por 3 meses, ou 4 ou 5, emigra-se por tempo indeterminado. Há quem estableça o prazo "até as coisas melhorarem em Portugal" e enquanto se espera pasou uma década e uma década é muito tempo.


2 comentários:

S* disse...

É isso. Ser obrigado a emigrar por falta de alternativa é doloroso.

Jukinha disse...

Adorei o texto! Talvez por ser emigrante senti na "pele" cada palavra que escreveste!

De todos os momentos dificeis que por cá passei, acho que o ter de passar o meu aniversário longe de casa foi dos que mais me custou =(