26/09/2014

o que resta da humanidade

O meu local de trabalho fica perto de uma escola profissional. Uma coisa à maneira, trazem para cá estudantes de S. Tomé, Angola e Moçambique para lhes darem o conhecimento necessário para depois serem recambiados outra vez para ensinar os que lá ficaram o que aprenderam em 3 anos em Portugal. Dão-lhes também uma casa e 500 EUR para poderem viver. Os que eles fazem? Estouram o dinheiro todo na primeira semana em telemóveis topo de gama, álcool e roupa e depois na falta dele... passam fome. O problema não está neles, mas sim na falta de gestão de quem lhes entrega essa "bolsa". Mas isso são outros 500 e a crítica está  na forma como este país e o dinheiro é gerido.
Adiante. Em frente à escola existe uma pastelaria e um parque da feira grande que serve de estacionamento e os carros servem de abrigo aos muitos cães abandonados (outro dia contei 13). E o canil? Pelo que sei e vejo: estão melhores na rua, se bem que nunca estão melhores na rua, mas sim num lar.
Não tivéssemos já 3 cães adultos e 3 pequenos (nascidos de uma cadela grávida abandonada que nos apareceu lá em casa), tentava acolher mais... Hoje reparei num cachorrinho, da mesma raça que a Cutxi da Palmier, esfomeado, com aquela postura de quem pede uma côdea (sim um côdea) aos jovens que alegremente estavam na esplanada do café a tomar o pequeno almoço. Nenhum jovem, nenhum jovem foi capaz de lhe dar um pedaço daquilo que estava a comer. O cachorrinho naquela postura e ninguém o ajudou. Olharam para ele e continuaram a comer e a fumar como se nada fosse. Como se não fosse nada com eles. E pensei: qual o caminho deste mundo. Os jovens (15/16 anos) estão cada vez mais egoístas, centrados no seu bem-estar.
Ainda a semana passada apareceram dois cães abandonados num parque a caminho de casa e naquele dia, quando os vi, chovia imenso e eles abrigados debaixo de uma mesa de pedra lá do parque, cheios de frio e fome. Não consegui chegar a casa e deitar-me sabendo que estavam assim. Peguei numa gamela e enchi-a de restos do jantar e debaixo de chuva levei-lhes a comida. Posso não os ter salvo, naquele dia, mas sinto que fiz o correcto. Entretanto chamaram o canil..
Podem achar estúpido, mas fico triste ao perceber que a humanidade se está a perder nas gerações mais jovens.

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