26/11/2019

Reality check

Uma das formas que uso para me expressar é através da escrita. Faz, sensivelmente, 4 anos que não venho cá, não escrevo ou leio blogs. O mundo da blogosfera mudou imenso. Deu-se mão ao instragram, ao twitter, aos grupos do whatsup, o mundo passou a ser instant^neo, cheio de stories e mensagens fugazes em busca de uma reação. è normal que isto aconteça, afinal nós todos queremos saber o que se está a passar agora, naquele exacto momento com todas as pessoas que seguimos, seja publicamente seja secretamente. Depois, ora, depois comparamos a vida dos outros com as nossas e automaticamente somos transportados para um estado de inveja boa. Dizem eles que é inveja boa, é inveja boa o tanas. Claro que eu gostava de estar nas Maldivas, a a comer aquele hamburguer vegan que toda a gente fala e faz com lentilhas, ou estar, efectivamente a correr 10km e não 3 a muito custo. Na realidade revejo-me um bocado nesta descrição. Na verdade eu corro, experimento novas comidas, fotografo novas coisas, coisas instantâneas, bonitas, que merecem ficar registadas. No entanto, tenho duas opções: publico ou não publico. Sem querer dou comigo a querer publicar, para mostrar que também sou digna de ter likes ou seguidores, outras vezes não quero saber, guardo o melhor e o pior para mim. Basicamente, vivemos numa era do ego. Ah e fala-se tanto do ego, do egocentrismo, da competição, do egoísmo e da falta de razão. Acho que nestes últimos 4 anos habituamo-nos a um mundo fugaz, completamente fugaz, em que se não for partilhado não tem valor. Dou por mim, muitas vezes sozinha, a viver as minhas coisas sozinha, a ter elucidações sozinha.. é isso mesmo, estamos sempre sozinhos. Já repararam nisso? No quanto sozinhos estamos? Por acaso, estou sozinha, no meu quarto-sala-cozinha-com-uma-porta-que-fecha-acasa-de-banho e isso faz de mim hipócrita por estar a criticar o estado de muitas pessoas, inclusive o meu?
Não, faz-me apenas pensar que se calhar dedicamos menos tempo aos blogs, às verdadeiras histórias, às verdadeiras partilhas, com conteúdo, alma, emoção e coragem. Penso que hoje em dia falta coragem a muita gente, para dizer o que verdadeiramente quer. Sem dar-mos por ela, tornamo-nos uns eternos hipócritas, uns viajantes do tempo que não é o agora, nem o ontem ou o amanhã. Tornamo-nos refens deste tempo efémero que se não for partilhado não é perpetuado.
Dei por mim a querer ter vontade de escrever novamente, mesmo que tenha zero seguidores, zeros comentários. Já não é isso que me interessa, o que, verdadeiramente, me interessa é poder trazer cá para fora o que cá dentro vai, dentro desta minha mente condicionada. Mesmo que não queira, sou prisioneira, sou refém desta sociedade, da qual me incluo e quero fugir.

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